O Mago e a GUERRA

O Mago e a GUERRA Extra00

Uma breve história, uma reflexão… um delírio sobre a natureza conflituosa da humanidade e a passagem do tempo. O Mago e a GUERRA Extra9

“A paz não é um estado primitivo paradisíaco, nem uma forma de convivência regulada pelo acordo. A paz é algo que não conhecemos, que apenas buscamos e imaginamos. A paz é um ideal.”

“Não existe nada tão mau, selvagem e cruel na natureza, quanto os homens normais.” Hermann Hesse

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O Mago e a GUERRA Extra2

Entrevista 2011 x 2019

Entrevista ao Clube da Leitura durante a 2ª Feira da Leitura Infanto Juvenil no Shopping Barra Sul – Porto Alegre (24/07/2011)   

ATUALIZADAS com algumas observações em 2019.

JuliusCkvalheiyro - 2011 x 2019

2011 – Clube da Leitura: Julius, você está lançando o livro “GUERRA 1939-1945”, o que há nele de diferente de todas as outras publicações sobre o tema?

Julius: O livro, o álbum, a HQ ou o livro ilustrado, como pode ser enquadrado esse trabalho, trata a II Guerra Mundial sem retratar heróis ou vilões, o elemento central das histórias é o elemento humano. O texto mostra os fatos do que acontecia em cada ano de guerra e a parte visual, os desenhos, colagens, fotos… fazem da narrativa uma reflexão sobre o período conturbado da nossa história recente. 

2011 – Clube da Leitura: Como você escolheu o tema, por que guerra?

Julius: Quando eu tinha 14 anos escrevi e ilustrei uma pequena história de 8 páginas sobre um bombardeio inglês voltando de uma missão e sendo atacado pelos inimigos. Algumas décadas depois encontrei essas páginas e me perguntei sobre o que estaria acontecendo naquele período da história. Comecei uma “pequena” pesquisa que ainda não terminou e que agora (parte dela) está nesse álbum de 136 páginas.

2011 – Clube da Leitura: Quanto tempo demorou para terminar o livro?

Julius: Entre pesquisa, roteiro, composição, arte… foram 5 anos aproximadamente, e paralelamente estou trabalhando no próximo sobre a Primeira Grande Guerra.

2019 – (…) Comecei uma “pequena” pesquisa que… levou 10 anos pra terminar e resultou na publicação de 4 álbuns: “GUERRA 1939-1945” (Conrad 2011 / Edições Independentes 2016, 2017 e 2018), “GUERRA 1914-1918” (Quadro a Quadro 2014 / Edições Independentes 2016, 2017 e 2018), “Dossiê de GUERRA: Genocídio Armênio” (Independente 2017) e “Dossiê de GUERRA: Barão Vermelho” (Independente 2018).

2011 – Clube da Leitura: Sobre a I Guerra Mundial?

Julius: Sim, será meu próximo lançamento. Tiramos da ordem cronológica (lançar um álbum sobre a II Guerra antes da Primeira Grande Guerra) por conta das dificuldades nas pesquisas sobre o período do início do Séc XX, os dados são mais escassos, daí me enrolei mais pra terminar.

2011 – Clube da Leitura: Sobre a arte, em uma olhada rápida observa-se que parece ser bem pesado o traço, escuro, e você também usa muita referência fotográfica, como foi compor a arte do livro?

Julius: A arte tem muito ‘experimentalismo’. Usei e abusei das referências fotográficas, colagens, desenhos e etc. De certa forma trato de um exercício de imaginação sobre as histórias por trás desses registros, por trás das fotos, por trás das imagens de dor retratas ali. Queria dar o ‘clima pesado’ em que o mundo estava mergulhado no período de guerra e também queria a realidade no retrato do conflito. Desenhei e reproduzi fotos sobre mesa de luz, algumas delas famosas retratando a guerra, também usei filtros no Photoshop para compor uma narrativa visual mais uniforme mesclando traço e fotografias que combinassem com cada uma das “crônicas desenhadas”. Os desenhos cobrem as lacunas das fotos e você vê tudo como um só na história. 

2019 – … se tivesse feito mais um quadrinho igual aos que todos faziam, seria apenas mais um entre tantos tentando ser publicado, eu queria uma forma diferente de tudo que já havia sido visto, tanto na abordagem do tema (muitas e variadas publicações) quanto na apresentação da arte e as resenhas que obtive com o trabalho falam por si:

“GUERRA 1939-1945 é uma introdução excelente para quem quer saber mais acerca do assunto. Uma HQ que deveria estar presente nas bibliotecas de todas as escolas do país.” Pipoca e Nanquim – Quadrinhos e Cinema

“Julius em ‘GUERRA 1939-1945’ vira de cabeça pra baixo o conceito de HQ. É história em quadrinho ou é livro ilustrado? É HQ ou crônica realisticamente apresentada? Esse diferencial o qualifica e abre espaço pros quadrinhos nacionais (inéditos) não cômicos dos cartuns e das tirinhas de jornal.” Arthur Maciel Rios – Cartunista

“O traço em alto contraste de Julius humaniza os dramas dos soldados que lutaram e morreram, não importando o lado, durante a II Guerra Mundial… acerta ao tornar semelhantes os dramas de todos os envolvidos na guerra. Não há espaço para heróis, apenas para vítimas, sejam eles russos, franceses, alemães ou japoneses…” Dellano Rios – Diário do Nordeste

“‘GUERRA 1939-1945’ é uma graphic novel ambiciosa… que impressiona pelo olhar crítico de como seu traço grosso de nanquim vê as dolorosas cenas da guerra. Uma narrativa poética, assombrosa onde somos transportados para a mente de soldados e civis na guerra.” Ernesto Barros – Jornal do Comercio Recife

“A vontade didática de informação de ‘GUERRA 1939-1945’ se funde com a inovação mostrada em sete capítulos de prosa histórico-literária mesclada com poesia subjetiva, nutrida a fundo em um arsenal histórico e filosófico consistente. O branco da bomba atômica e o negro do campo de concentração mostram a obsessão pelo realismo de seu traço.” Pedro Maciel Guimarães – Folha de São Paulo

“Não são histórias de guerra, são poesias gráficas sobre o ser humano, seus valores, sua beleza e o tamanho de sua crueldade. Julius conseguiu com isso produzir um gibi belíssimo sobre a maior tragédia da história da humanidade, de forma séria, didática e – principalmente – estética e artisticamente impecável.” Lillo Parra – Quadro a Quadro

“A HQ ‘GUERRA 1939-1945’ de Julius parece incorporar essa sensação de caos, com arte mais ou menos impressionistas, que não oferecem uma apreensão imediata do que acontece no quadro. É preciso investigar a página em busca de sentido, se afastar para perceber nuances, um tipo de exercício para o olhar, recompensado com uma representação forte do sufoco da guerra.” Hugo Viana – Folha de Pernambuco

2011 – Clube da Leitura: Pode dar um exemplo dessa mescla de traço claro e escuro texto e imagens?

Julius: Sim, a escuridão de um campo de concentração se contrapõe ao branco da explosão nuclear em Hiroshima. A parte textual trata dos fatos e a parte ilustrada/quadrinhos/colagens trata da reflexão sobre a guerra. Assim, fica atraente pra quem gosta de literatura e pra quem curte ilustração e quadrinhos. 

2011 – Clube da Leitura: História em Quadrinhos ou Livro Ilustrado?

Julius: Você decide! (risos) Bom, acho que o tempo dirá, não me preocupo muito com rótulos ou algum padrão. A ideia era fazer algo diferente do que já foi publicado, há muita coisa em livrarias e bancas de revistas que tratam da guerra. Acho que consegui apresentar o tema de forma diferente, bem didático aliando texto e imagens, há uma narrativa visual de histórias em quadrinhos, mas se você achar que também pode ser um livro ilustrado, eu aceito. O “GUERRA 1939-1945” está sendo vendido em bancas de revistas no país inteiro e também em livrarias, essa ‘entrada’ em pontos tão distintos de venda só mostra a versatilidade em que apresentei o tema.

2019 – … em 8 anos ainda há dificuldade em definir se é HQ ou se um livro ilustrado, então, depois de 4 edições publicadas de cada álbum principal, consegui realmente fugir dos rótulos tanto de um quanto de outro.

2011 – Clube da Leitura: Para qual público de destina o GUERRA?

Julius: Espero que agrade a todas as idades, já há algum tempo as HQs não são mais vistas apenas como coisa de criança, até a “Turma da Mônica” cresceu com seu público (Turma da Mônica Jovem), então, acredito que meu trabalho tem um amplo apelo junto ao público interessado pelo tema ou curioso sobre esse período histórico. No final do livro há a bibliografia de onde partiu a pesquisa e pode ser uma iniciação para aqueles que querem se aprofundar mais sobre o tema.

2019 – … em 2014, durante o lançamento do “GUERRA 1914-1918” na Bienal do Livro de Minas Gerais, me surpreendi com uma menina, talvez 15 ou 16 anos, que adquiriu o livro para presentear a professora de história (“que ela amava”) e autografei já no nome da “fessora”. Quando voltei a Belo Horizonte para o Festival Internacional de Quadrinhos (FIQ) de 2015 conheci a professora ‘presenteada’ pelo livro. Gostou tanto que comprou vários exemplares para também presentear seus colegas do departamento de história da universidade em que lecionava. Na Bienal do Livro de SP 2016, um garoto de 10 anos comprou um exemplar para dar de presente para o pai, entusiasta do tema, e pagou o valor do livro “em moedinhas”… pessoas compram pelo tema, pela arte ‘estranha’, pela reflexão sobre a guerra, pela bibliografia. Um público tão amplo que me permite participar dos mais variados eventos de literatura e quadrinhos em geral.

2011 – Falando em mercado de literatura e quadrinhos como você vê o cenário atual no Brasil?

Julius: Sobre esse “mercado” eu ainda sei muito pouco, estou começando a tomar conhecimento, sou um autor publicado por editora e vejo com bons olhos essa entrada dos ‘comics’ nas livrarias e os quadrinhos “de luxo” e livros indo para as bancas de revistas, são novas prateleiras de exposição, novas formas das publicações chegarem às pessoas, creio que o público de banca e de livrarias são distintos, então realmente aumenta a exposição. Há também os planos governamentais para compra de livros e HQs e as editoras estão investindo pesado nas adaptações literárias para quadrinhos em busca desse aporte de verbas dos editais de cultura. Não acho que seja uma boa alguns dependerem só de projetos culturais para sobreviver, mas é que temos para hoje.

2019 – como autor independente vejo muito do dito “glamour”, que muitos podem ter ouvido falar do mercado livreiro, nunca foi real. Creio que a caracterização de “mercado” só vale para as grandes empresas do ramo, detentoras de ‘best sellers’ com tiragens maiores (que não chegam perto das tiragens de 2 ou 3 décadas atrás), ou que publicam grandes marcas, Marvel, DC, Turma da Mônica, séries de mangás… só pra citar alguns. As livrarias e a bancas de revistas estão quebradas, a distribuição sumiu, as comic shops sobrevivem pelo amor dos seus clientes e oferecendo eventos e debates, mesas redondas sobre HQs, lançamentos ou outras atividades nos seus espaços para atrair público. De outro lado, a Amazon ‘vai bem, obrigado’, joga com sua sombra de possível monopólio e extrema competência em venda via web e entrega em todo o país, comprando tiragens ou boa parte delas das editoras desesperadas, credoras das livrarias quebradas pela péssima administração dos últimos anos de soberba sobre seus estoques de livros consignados. Os autores independentes que não recorrem aos meios de financiamento coletivo de suas obras, agora são dependentes de eventos para expor seus trabalhos e precisam ‘cair na estrada’, viajar muito e carregar muitas caixas de livros e quadrinhos pelo caminho para conseguir sobreviver. Mais dependentes, impossível!

2011 – Dá pra viver só da venda dos livros?

Julius: Acredito que não.

2019 – … como autor independente (de editoras), talvez… se você puder ser capaz de “assoviar, pintar, bordar e chupar cana” ao mesmo tempo na parte administrativa do negócio, produzir com qualidade e conseguir se vender, apresentar para as pessoas seu trabalho, estar no máximo de eventos de quadrinhos e literatura possíveis, talvez consiga viver disso e com alguma sorte no meio desse “one man band”, para o bem do seu ego no final, não seja visto apenas como um vendedor. Eu me descobri também ‘vendedor’ por um mero acaso, trabalhando na promoção dos meus livros nos eventos, observando outros autores, testando abordagens, posturas e etc… vesti um personagem que achei ideal para estar nos eventos promovendo meu trabalho e fui pra guerra.

 2011 – Clube da Leitura: Qual a mensagem que o GUERRA deixa pros leitores?

Julius: O “GUERRA 1939-1945” não trata de heróis ou vilões, trata do elemento humano dentro do cenário caótico da guerra. Não há “eu acho que foi assim…” há referências históricas, bibliografia, texto e arte referenciadas… e a característica fundamental deste trabalho é que a guerra não pode ser esquecida, porque quem esquece faz de novo!

2019 – … e a característica fundamental do meu trabalho continua sendo que a guerra não pode ser esquecida, porque quem esquece faz de novo!

 

 

GUERRA 1939-1945 / 1ª Edição 2011, 4ª Edição 2018

GUERRA 1914-1918 / 1ª Edição 2014, 4ª Edição 2018

Dossiê de GUERRA: Genocídio Armênio / 1ª Edição 2017

Dossiê de GUERRA: Barão Vermelho / 1ª Edição 2018

Das antigas…

Clube da Leitura – julho 2011

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Entrevista ao Clube da Leitura durante a 2a Feira da Leitura Infanto Juvenil no Shopping Barra Sul – Porto Alegre (24/07/2011)

Clube da Leitura: Julius, você está lançando o livro “GUERRA 1939-1945”, o que há nele de diferente de todas as outras publicações sobre o tema?

Julius: O livro, o álbum, a HQ ou o livro ilustrado, como pode ser enquadrado este trabalho, trata a II Guerra Mundial sem retratar heróis ou vilões, o elemento central das histórias é o elemento humano. O texto mostra os fatos do que acontecia em cada ano de guerra e a parte visual, os desenhos, colagens, fotos.. fazem da narrativa uma reflexão sobre o período conturbado da nossa história recente. 

Clube da Leitura: Como você escolheu o tema, por que guerra?

Julius: Quando eu tinha 14 anos escrevi e ilustrei uma pequena história de 8 páginas sobre um bombardeio inglês voltando de uma missão e sendo atacado pelos inimigos. Algumas décadas depois encontrei essa história e me perguntei sobre o que estaria acontecendo naquele período da história. Comecei uma “pequena” pesquisa que ainda não terminou e que agora (parte dela) está neste álbum de 136 páginas.

Clube da Leitura: Quanto tempo demorou para terminar o livro?

Julius: Entre pesquisa, roteiro, composição, arte… foram 5 anos aproximadamente, e paralelamente estou trabalhando no próximo sobre a Primeira Grande Guerra.

Clube da Leitura: Sobre a I Guerra Mundial?

Julius: Sim, será meu próximo lançamento. Tiramos da ordem cronológica (lançar um álbum sobre a II Guerra antes da Primeira Grande Guerra) por conta das dificuldades nas pesquisas sobre o período do início do Séc XX, os dados são mais escassos, daí me enrolei mais pra terminar.

Clube da Leitura: Sobre a arte, em uma olhada rápida observa-se que parece ser bem pesado o traço, escuro, e você também usa muita referência fotográfica, como foi compor a arte do livro?

Julius: A arte tem muito ‘experimentalismo’. Usei e abusei das referências fotográficas, colagens, desenhos e etc. De certa forma trato de um exercício de imaginação sobre as histórias por trás desses registros. Queria dar o ‘clima pesado’ em que o mundo estava mergulhado no período de guerra e também queria a realidade no retrato do conflito. Desenhei fotos sobre mesa de luz, algumas delas famosas retratando a guerra, também usei filtros no Photoshop para compor uma narrativa visual mais uniforme mesclando traço e fotografias que combinassem com cada uma das “crônicas desenhadas”. 

Clube da Leitura: Pode dar um exemplo?

Julius: Sim, a escuridão de um campo de concentração se contrapõe ao branco da explosão nuclear em Hiroshima. A parte textual trata dos fatos e a parte ilustrada/quadrinhos trata da reflexão sobre a guerra. 

Clube da Leitura: História em Quadrinhos ou Livro Ilustrado?

Julius: Você decide! (risos) Bom, acho que o tempo dirá, não me preocupo muito com rótulos ou algum padrão. A ideia era fazer algo diferente do já foi publicado, há muita coisa em livrarias e bancas de revistas que tratam da guerra. Acho que consegui apresentar o tema de forma diferente, bem didático aliando texto e imagens, há uma narrativa visual de histórias em quadrinhos, mas se você achar que também pode ser um livro ilustrado, eu aceito. O “GUERRA 1939-1945” está sendo vendido em bancas de revistas no país inteiro e também em livrarias, essa ‘entrada’ em pontos tão distintos de venda só mostra a versatilidade em que apresentei o tema.

Clube da Leitura: Para qual público de destina o GUERRA?

Julius: Espero que agrade a todas as idades, já há algum tempo as HQs não são mais vistas apenas como coisa de criança, até a “Turma da Mônica” cresceu (Turma da Mônica Jovem), então acredito que meu trabalho tem um amplo apelo junto ao público interessado pelo tema ou curioso sobre esse período histórico. No final do livro há a bibliografia de onde partiu a pesquisa e pode ser uma iniciação para aqueles que querem se aprofundar mais sobre o tema.

Clube da Leitura: Qual a mensagem que o GUERRA deixa pros leitores?

Julius: O “GUERRA 1939-1945” não trata de heróis ou vilões, trata do elemento humano dentro do cenário caótico da guerra. Não há “eu acho que foi assim…” há referências históricas, bibliografia, texto e arte referenciadas… e  a característica fundamental deste trabalho é que a guerra não pode ser esquecida, porque quem esquece faz de novo!

GUERRA 1939-1945
Conrad Editora
Formato: 21 x 27 cm
136 Páginas